Mais uma vez fui visitado por um enviado do Culto. Um mago -de cheiro duvidoso- que diz se chamar Namirrha. Ele trouxe consigo ainda mais safiras e diversas magias humanas com as quais eu não estava familiarizado. Ele estava acompanhado por um garrado* de lacaios, maguinhos de menor expressão, todos. Eles faziam seu melhor para disfarçar seu medo e admiração. Isso tem pouca serventia para eles enquanto eles andam por aí, colocando os encantamentos que eu oredenei no meu Lar e na área à toda volta. Ninguém agora pode agora se aproximar de meu domicílio sem o meu conhecimento, tampouco pode alguém, até mesmo o arrogante Sussethilasis, simplesmente demandar entrada. Se aquele pretenso ao poder tentar novamente interromper minhas contemplações, ele irá receber uma enorme e, mais do que merecida, lição de poder. O assim chamado suzerano irá conhecer o poder que está à minha disposição, a verdadeira glória que Eu estou destinado a atingir!
Para tanto, Namirrha e eu recentemente finalizamos um acordo que beneficia ambos, seu culto e eu. De todos os mamíferos que eu já encontrei, aqueles deste Culto pensam de maneira mais parecida com os meus aparentados do que quaisquer outros. Inclui-los em meus esquemas pelo poder, glória, e dominação foi, de fato, uma escolha sábia. Grosso modo, Eu concordei em deixar o culto me prover informações sobre certas caravans tentando cruzar o Grande Deserto - é como os humanos chamam Anauroch. Estas caravanas eu destruirei ou simplesmente ameaçarei, conforme desejar, tomando para mim quaisquer prêmios que eu pense estarem à altura de saciar minha fome por alimentos, riqueza, conhecimento e status.
Como Namirrha detalhou, membros desse Culto irão demandar um pedágio de todas as caravanas que desejem cruzar o Grande Deserto para vender seus bens triviais. Aqueles que se recusem ou de alguma outra forma se negarem a receber proteção do Culto são aqueles sobre os quais eu deverei abater minha ira. Adicionalmente, Namirrha e Eu negociamos uma porção da riqueza daqueles sábios, ou amedrontados, os suficiente para não correr o risco de desafiar minha ira. Essa porcentagem será transportada regularmente ao meu Lar, em formas que são facilmente carregadas pelos corpos frágeis dos mamíferos -gemas, com tantas safiras quantas forem possíveis, é claro. Namirrha também concordou em prover mais dos itens mágicos menores dos mamíferos (para que eu possa devotar minha atenção a assuntos mais grandiosos) e um carregamento regular de raros mamíferos mais delicados (sempre que puderem ser procurados e entregados a mim).
O Culto usa esse e muitos outros métodos para acumular riquezas, e somente alguns deles envolvem as tradicionais táticas dracônicas de força e ferocidade, músculos e mágica. Eles parecem capazes de enganar os humanos e outros bípedes de forma que estes passam a acreditar que, dar uma simples porção periódica de riqueza em um período base é, de alguma forma, menos danoso do que o risco implicado de perder tudo de uma vez. Essas criaturas continuam a me impressionar com sua ingenuidade e -mais importante- sua ganância. Eles são, contudo, afortunados, posto que nenhum deles tentou tamanha tolice contra alguém de minha espécie. nenhum dragão verdadeiro, nem mesmo o dissimulado e covarde Sussethilasis permitiria que tão simples falácia produzisse efeitos; os agentes seriam imediatamente e violentamente destruídos por causa de sua arrogância.
Namirrha, então, me contou sobre uma outra tática de seu Culto, esse "Maior dos tesouros" ao qual eles fizeram contínua alusão. Namirrha revelou a mim que a grande profecia daquele tal Sammaster era de que dragões mortos um dia dominariam o mundo inteiro. Para tanto, o fundador do Culto encontrou uma forma de transformar um dragão concordante em uma versão morta-viva de si próprio. Eu ouvi dizer que alguns mamíferos se submetem a tal processo teratológico para se tornarem Liches em tentativas insanas de aumentar seus poderes triviais, mas eu fiquei estarrecido com o fato de que dragões concordariam em fazer isso. Namirrha, agora identificado por mim como um necromante, deve ter sentido a minha dúvida pelo meu silêncio, pois ele afirmou que diversos dragões se tornaram, de fato, Dracoliches -ou simplesmente "Sagrados" como ele prefere chamá-los, e os Sagrados continuam a cooperar com o Culto. O feiticeiro dos mortos apontou ainda que, determinados dragões anciões poderosos conhecidos por sua reputação pelos membros de minha raça haviam há muito enxergado a sabedoria em seguir esse caminho e se tornado uma dessas... dessas... coisas.
Embora o ultraje me rasgasse de dentro para fora e meus músculos repuxassem de vontade de apagar o mamífero da existência pelo que ele e os outros insetos ousariam fazer a nossas formas majestosas, Eu exibi um controle magnifico enquanto ele tagarelava sobre essas coisas não precisarem de comida ou sono, ou como essas coisas não precisam temer a passagem do tempo, e sobre os poderes majestosos que elas ganharam, e contive minha fúria. Ele é afortunado, de fato, por não ter me oferecido esse "Maior dos Tesouros" ou eu teria, seguramente o enviado para pós-vida, para junto do tal Sammaster que ele reverencia tanto.
Em consideração às regras do conclave, eu o deixei terminar seu discurso maligno e, então, proibí a ele ou qualquer um de seu Culto de me visitarem por um ano no calendário humano. Devo reconsiderar meu envolvimento com tais seres, embora esteja preso à minha palavra, dada em acordos anteriores.
Do diário de Malygris, Dragão Azul Ancião, do sul de Anauroch, cerca de 1364 - Cômputo dos Vales.
*Nota do tradutor - Garrado, no original clawful é um trocadilho com a palavra fistful. Dragões não possuem punhos, mas sim garras.
O Diário de Malygris, Dragão Azul Ancião Pt: III
Postado por Clever lá pelas 12:29
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
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